kVA para amperagem: Entenda a conversão passo a passo

Conversão de kVA para amperagem

Na hora de escolher ou dimensionar nobreaks, estabilizadores e geradores, entender como converter kVA para amperagem (A) é fundamental. Essa conversão permite saber exatamente quantos amperes um equipamento consegue fornecer ou suportar, garantindo a segurança e a eficiência de todo o sistema elétrico.

Embora a palavra amperagem não seja oficial, vamos utilizá-la no artigo no lugar de Corrente elétrica visando o jargão popular e o entendimento por leigos.

Com o valor de kVA e a tensão (voltagem, no popular) podemos descobrir a amperagem do circuito e com isso poder dimensionar a instalação ou saber se ela está adequada.

Se você trabalha com instalação, manutenção ou venda de equipamentos de proteção elétrica, saber fazer essa conta pode evitar problemas como sobrecarga, queda de tensão e até queima de dispositivos.

Neste conteúdo, vamos explicar como calcular amperagem a partir de kVA com exemplos práticos e todas as variáveis envolvidas.

Por que converter kVA em amperes?

Enquanto o kVA (quilo-volt-ampere) representa a potência aparente, a amperagem indica a corrente elétrica real que vai passar pelos cabos e conectores. Saber a amperagem é essencial para:

  • Escolher cabos e disjuntores corretos.
  • Evitar superaquecimento e curtos.
  • Garantir a segurança da instalação.
  • Dimensionar a carga conectada sem sobrecarregar o nobreak ou estabilizador.
Eletricista manuseando fios
Especialista em instalações e reparos elétricos.

Fórmula para converter kVA em amperes

A conversão depende de três fatores principais:

  • kVA: potência aparente do equipamento.
  • Tensão (V): voltagem do sistema (ex.: 127V, 220V, 380V).
  • Fator √3 (para sistemas trifásicos).

As fórmulas variam conforme o sistema ser monofásico, bifásico ou trifásico.

Fórmulas principais:

Monofásico:

I=kVA x 1000/V

Trifásico:

I = (kVA * 1000 * FP) / (√3 * V)

Atenção: Para sistemas bifásicos (ex.: 220V entre fases sem neutro), em geral usa-se a fórmula monofásica, mas depende da configuração da rede.

Como aplicar a fórmula na prática?

Exemplo 1: Conversão em sistema monofásico (220V)

Um nobreak de 5 kVA em um sistema monofásico (220V).

I = (5 * 1000) / 220 = 5000 / 220 = 22,72 A

Resultado: o nobreak pode fornecer até 22,72 amperes.

Exemplo 2: Conversão em sistema trifásico (220V)

Um gerador de 15 kVA em sistema trifásico (220V).

I = (15 * 1000) / (√3 * 220) = 15000 / (1,732 * 220) = 15000 / 380,96 ≈ 39,36 A

Resultado: o gerador suporta 39,36 amperes por fase.

Tabela prática de referência (exemplos comuns)

 

Potência (kVA) Tensão (V) Sistema Corrente (A) aprox.
3 kVA 220 V Monofásico 13,63 A
3 kVA 220 V Trifásico 7,87 A
5 kVA 127 V Monofásico 39,37 A
10 kVA 220 V Trifásico 26,24 A
20 kVA 380 V Trifásico 30,41 A

Observação: Valores aproximados, desconsiderando o fator de potência (se for necessário incluir FP, o cálculo muda).

Quando considerar o fator de potência (FP)?

Em alguns casos, para determinar a corrente real, é necessário considerar o fator de potência (FP) do equipamento, principalmente se a carga for predominantemente indutiva (motores, transformadores, etc.).

A fórmula ajustada fica:

Monofásico com FP:

I = (kVA * 1000 * FP) / V

Trifásico com FP:

I = (kVA * 1000 * FP) / (√3 * V)

Exemplo com fator de potência:

Gerador de 10 kVA, FP de 0,8, tensão 220V trifásico:

I = (10 * 1000 * 0,8) / (√3 * 220) = 8000 / 380,96 ≈ 20,99 A

Resultado: o gerador vai fornecer cerca de 21 A por fase.

Como usar esses cálculos na prática?

  1. Dimensionamento de cabos: saber a corrente ajuda a escolher o cabo com bitola certa. Pode-se encontrar tabelas na internet.
  2. Proteção elétrica: define o disjuntor correto (ex.: disjuntor de 25A para o exemplo anterior).
  3. Escolha de equipamentos: saber se o nobreak, estabilizador ou gerador aguenta a carga total ligada.
  4. Segurança: evita sobrecarga e superaquecimento, principal causa de incêndios elétricos.

Impacto direto da corrente elétrica na segurança da instalação

O cálculo da amperagem não é apenas uma questão técnica — é diretamente relacionado à segurança da instalação elétrica.

Se a corrente for subdimensionada em relação ao cabo ou disjuntor:

  • O cabo aquece acima do limite, aumentando o risco de incêndio.
  • Disjuntores disparam constantemente ou, pior, não disparam quando deveriam.
  • Conectores, tomadas e quadros elétricos podem derreter ou apresentar falhas irreversíveis.
  • Aumento da resistência elétrica, que gera mais perda de energia em forma de calor (efeito Joule).

Por isso, o cálculo de amperagem a partir de kVA deve ser obrigatório em qualquer projeto elétrico, seja industrial, comercial ou residencial.

Diferença de corrente em sistemas monofásicos, bifásicos e trifásicos

Cada tipo de sistema elétrico tem uma distribuição diferente da corrente:

  • Monofásico: toda a corrente circula por um único condutor fase-neutro. Isso exige cabos de maior bitola para suportar altas cargas.
  • Bifásico: semelhante ao monofásico, porém ao invés de ter um fio fase e um neutro, conta com dois fios fase.
  • Trifásico: a carga é distribuída em três fases, permitindo a utilização de cabos menores e sistemas mais eficientes, com menor perda de energia.

Na prática, optar por sistemas trifásicos é sempre mais vantajoso em ambientes com altas potências.

Erros mais comuns na conversão de kVA para amperagem

  • Esquecer de considerar o FP (fator de potência).
  • Aplicar fórmula errada para o tipo de rede (monofásica, bifásica ou trifásica).
  • Não aplicar a margem de segurança nos cabos e disjuntores.
  • Ignorar que a temperatura ambiente, quantidade de cabos no conduíte e tipo de instalação afetam a capacidade de condução de corrente.

Resultado desses erros: superaquecimento, queima de equipamentos, risco de incêndio e falhas operacionais.

Fatores que alteram a capacidade de condução dos cabos

A corrente calculada não é o único fator. O ambiente também influencia diretamente:

  • Temperatura ambiente: altas temperaturas reduzem a capacidade dos cabos de conduzir corrente.
  • Agrupamento de cabos: conduítes cheios fazem os cabos esquentarem mais, exigindo aumento de bitola.
  • Tipo de isolação: cabos com isolação termoplástica suportam menos temperatura do que cabos com isolação termofixa.
  • Método de instalação: aéreo, embutido, enterrado ou aparente.

Todos esses elementos impactam na escolha do cabo certo, além do cálculo puro da amperagem

Tabela de fator de correção para agrupamento de cabos (exemplo básico)

 

Número de cabos agrupados Fator de correção
1 a 3 1
4 a 6 0,8
7 a 9 0,7
10 a 20 0,5

 

Exemplo: Se a corrente calculada é 30A e você tem 8 cabos agrupados, deve multiplicar 30A x 0,7 = 21A. Isso significa que o cabo que normalmente suporta 30A agora só pode suportar 21A, e você precisa usar uma bitola maior.

Conclusão

Converter kVA para amperagem é uma etapa essencial para o planejamento de qualquer projeto elétrico, seja para infraestrutura de TI, servidores, equipamentos industriais ou sistemas de emergência.

Saber calcular corretamente a corrente elétrica garante segurança, eficiência e evita surpresas desagradáveis como disparo de disjuntores, queima de cabos ou falhas nos nobreaks.

Se você ainda tem dúvidas sobre qual equipamento usar ou como fazer o dimensionamento correto, entre em contato com nossos especialistas e receba um atendimento personalizado.

Perguntas Frequentes

É obrigatório considerar o fator de potência no cálculo?

Sim. Ignorar o FP pode fazer você subdimensionar a instalação, especialmente com cargas indutivas (motores, nobreaks, geradores).

A conversão muda em sistemas 127V, 220V ou 380V?

Sim. Quanto menor a tensão, maior a corrente para a mesma potência. Por isso, sistemas 127V exigem cabos muito mais grossos do que sistemas 220V ou 380V.

Posso usar a mesma bitola de cabo para monofásico e trifásico?

Não. O trifásico distribui a corrente entre três fases, permitindo usar cabos de menor bitola.

É correto usar disjuntor baseado só no kVA?

Não. O disjuntor deve ser dimensionado pela corrente elétrica (amperagem), considerando FP, tipo de rede e fatores de correção do ambiente.

O que acontece se o cabo estiver subdimensionado?

  • Superaquecimento.
  • Derretimento da isolação.
  • Disparo constante dos disjuntores.
  • Risco de incêndio.

Existem softwares que fazem esse cálculo automaticamente?

Sim. Softwares como QEE, ETAP, EPLAN e Simaris fazem cálculos precisos considerando todos os fatores ambientais, de carga e de segurança.

Como garantir 100% de segurança no dimensionamento?

  • Faça o cálculo correto de kVA para amperagem.
  • Aplique fator de potência.
  • Considere temperatura, agrupamento de cabos e método de instalação.

Sempre adicione uma margem de segurança (mínimo 20%).

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