Após falta de luz em SP, população teme novo apagão

Procura por gerador e nobreaks dispara, e moradores tentam evitar perdas de comida e aparelhos eletrônicos com apagão
Procura por gerador e nobreaks dispara

Moradores tentam evitar perdas de comida e aparelhos eletrônicos com apagão.

A falta de luz é o novo terror dos paulistanos. O apagão do início de novembro assombra moradores, que têm ido em busca de soluções para evitar ficar no escuro ou até perder eletrodomésticos e alimentos. Consulte calculadora para saber qual aparelho ideal para você.

Buscas por aparelhos no mercado

Síndicos de condomínios notam que há uma corrida por nobreaks e geradores de energia.

José Roberto Graiche Júnior, presidente da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), diz que alguns prédios já pensam em planos de contingência.

“Teve falta de abastecimento de óleo diesel e falta de empresas para servir. Alguns procuram por abastecimento do gerador e empresas que possam dar essa retaguarda. Outros estão pensando em podas de árvores que possam oferecer algum tipo de risco. São coisas mais fáceis de resolver”, diz.

Apesar de mais caro e ainda em plano de estudo, ele analisa que há unidades que pensam na possibilidade de adquirir um novo gerador. Há, ainda, quem estude até a implementação de poços artesianos com receio da possibilidade de falta d’água.

À frente da padaria Beth Bakery, localizada na Aclimação, Beth Viveiros relata que nos últimos dois meses têm registrado problemas de energia em decorrência da explosão de transformadores da região. Em meio ao feriado de finados, assim como 2,1 milhões de residências de São Paulo, a padaria também ficou sem energia.

Opções mais baratas ,nem sempre a melhor solução

Em meio ao apagão, ela se viu sem saída e alugou o equipamento por três dias. O problema é que devido ao barulho, os vizinhos reclamaram do gerador. “Quanto mais barato, mais barulhento o gerador”, lamenta ela.

Ela diz que por causa da alta demanda, tem sido difícil conseguir alugar o equipamento. Comprar o gerador, por enquanto, está fora de questão devido aos valores —ela encontrou opções por R$ 100 mil e R$ 120 mil, com prazo de entrega de 60 dias.

“Tá muito difícil”, diz ela que calcula ter perdido dois forninhos elétricos e teve problema com uma fermentadora. O nobreak, diz ela, não consegue dar conta dos equipamentos maiores da padaria e agora ela procura uma solução para as próximas tempestades.

Beth pretende orçar placas de energia solar para seu empreendimento, mas teme também esbarrar com a alta demanda. “É um quebra-cabeça que a gente vai tentando montar”, diz.

Recorde de vendas

A percepção de que serviços estão com alta demanda é confirmada por empresas do setor. De acordo com a TS Shara, que vende nobreaks, em apenas seis dias foram realizadas as vendas que eram projetadas para todo o mês.

“Hoje estamos até com lista de espera”, diz o CEO da empresa, Pedro Al Shara. Foi a partir do segundo dia do apagão em São Paulo que a companhia notou um crescimento acentuado nas vendas. De cerca de 20 mil equipamentos vendidos por mês, a empresa pulou para 26 mil em novembro.

Diretor industrial da Geraforte, que vende geradores elétricos, Marcio Martins afirma que a empresa registrou uma procura de 50% a 75% superior de clientes que cogitam adquirir o equipamento.

Sem detalhar os números, ele afirma que a alta procura é comum após eventos traumáticos. “Não necessariamente essa procura se realiza com o tempo porque o gerador é mais caro”, explica ele.

Percas referidas

O prédio da professora de ioga e engenheira elétrica Ana Costa ficou no escuro por cerca de três dias. O edifício não tinha gerador e o síndico precisou comprar um equipamento para que os moradores pudessem carregar celulares e também para abrir as portas.

Com o congelador cheio, ela perdeu a comida do freezer e precisou ministrar aulas usando a internet do celular. “Além dos alimentos que perdi, tive que me alimentar na rua, não trabalhei porque o computador não funcionava. Acho que é um prejuízo intangível”, afirma.

Ela vive no bairro da Saúde, em uma região arborizada da zona sul de São Paulo. Devido a queda de uma árvore grande, a área ficou ainda mais tempo sem luz.

Sem elevador, ela teve que subir e descer as escadas durante os dias. Agora, ela prevê que apagões podem voltar a acontecer. Por isso, agora tem um estoque de velas e de água na geladeira, uma vez que só tinha um filtro elétrico.

Além disso, fez uma compra menor para o fim de semana que tem previsão de chuva. Ela teme ainda que os alimentos estraguem devido ao calor. “Estou tentando deixar tudo na geladeira. Então, se tiver outro apagão, terei prejuízo semelhante.”

Ela diz que não se importa de tomar banho gelado, mas em meio ao forte calor de São Paulo não sabe se vai aguentar ficar sem ventilação. “Acho que não vou conseguir dormir aqui”, diz.

Recomendações da Defesa civil

A Defesa Civil alerta que novos temporais podem ser registrados em São Paulo a partir desta sexta-feira (17) até domingo (19). A previsão é de tempestades chuvas com rajadas de vento que podem chegar a 100 km/h na região Sudeste.

Além do apagão em São Paulo, clientes da Enel reclamaram que não conseguiram contatar a empresa durante o blackout.

A concessionária informa que, agora, vai oferecer um canal via SMS, que servirá como alerta para a aproximação de fortes chuvas e vai permitir que as pessoas registrem falta de luz por mensagem e também acessem o link direto do site da companhia.

Para evitar tragédias e ferimentos, a empresa alerta que, durante a tempestade, a população não se aproxime de cabos partidos e também não encoste em objetos metálicos, como semáforos, postes de iluminação pública, pontos de ônibus, portões e grades em uma enchente.

Conclusão

Também recomenda que os equipamentos sejam retirados da tomada e fiquem longe do alcance da água. A empresa também pede que a população busque abrigo seguro, ou seja, em caso de ventos fortes procure locais longe de estruturas suscetíveis a danos, como postes, árvores ou fiações elétricas.

Fonte: Folha de S.Paulo

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