O que é marketplace e como ele surgiu no Brasil
Você já pensou em concentrar diversas marcas em um único ambiente virtual para facilitar o acesso dos consumidores aos produtos? Esse é exatamente o papel do marketplace, implementado no Brasil em 2012. Ele nasceu como um espaço online criado para promover a venda de produtos pela internet. Com o passar dos anos, entretanto, esse modelo de e-commerce ganhou força, conquistou relevância e entrou definitivamente no radar dos grandes varejistas.
Hoje, marketplaces se consolidaram como referências no comércio eletrônico. Segundo pesquisa da Precifica, consultoria especializada em monitoramento de preços no e-commerce, o número de marketplaces cresceu 90,7% entre setembro de 2017 e setembro de 2018. Esse dado confirma a rápida adesão desse modelo de negócio tanto entre os consumidores quanto entre as empresas participantes.
Marketplace como tendência para lojistas
O modelo de marketplace tornou-se uma tendência evidente para os lojistas. Afinal, ele oferece um fator decisivo para qualquer negócio: a visibilidade. Quando uma marca se conecta a um site que recebe milhões de acessos, ela amplia imediatamente seu alcance. Mesmo empresas novas podem conquistar espaço de forma acelerada.
Isso acontece não apenas pelo tráfego consolidado dessas plataformas, mas também pela credibilidade que os gigantes do marketplace transmitem. Um exemplo claro é a Amazon, pioneira no segmento e reconhecida mundialmente pelo alto desempenho no atendimento ao cliente. Consequentemente, os lojistas reduzem investimentos em publicidade, já que a própria vitrine digital gera fluxo de clientes. Como resultado, a margem de lucro se torna mais vantajosa, já que os custos ficam restritos às comissões sobre as vendas.
Marketplace e a abertura de novos nichos
Outro benefício relevante do marketplace é a abertura para novos nichos de mercado. Ao reunir diferentes segmentos em um mesmo ambiente, ele amplia a oferta e reduz os estoques, que ficam sob responsabilidade do parceiro. Além disso, a entrega do produto também recai sobre o seller, garantindo agilidade na operação.
A venda de nobreaks e estabilizadores, por exemplo, pode se associar diretamente a dispositivos como TVs, computadores e notebooks. Dessa forma, o marketplace aumenta o ticket médio, amplia a proteção do ativo adquirido e fortalece a experiência de compra.
Ganhos financeiros e vantagens imediatas
Outro ponto positivo está no ganho financeiro. Isso porque grandes varejistas cobram comissões entre 10% e 25% por produto vendido. Do outro lado, o seller percebe aumento imediato no número de clientes, com custo de aquisição praticamente nulo.
Entretanto, para manter esse benefício, o atendimento ao cliente precisa funcionar com eficiência. O marketplace apenas aciona o vendedor quando surge um problema que não pode ser resolvido de imediato. Portanto, o parceiro deve garantir qualidade no suporte e responder às demandas de forma ágil.
Desafios e concorrência dentro do marketplace
Apesar de tantos benefícios, o marketplace apresenta também desafios importantes. Como ele concentra diversas marcas em um único local, a concorrência torna-se inevitável. No entanto, conquistar a atenção do consumidor já representa metade da batalha.
Nesse momento, o lojista precisa aplicar estratégias que direcionem o consumidor a escolher sua marca em vez das concorrentes. Para isso, ele pode facilitar as formas de pagamento, reforçar a presença em mídias externas e criar diferenciais que agreguem valor dentro e fora do marketplace.
Dependência e regras do marketplace
Ao aderir ao marketplace, o lojista cria certo grau de dependência. Esse modelo de negócio dita regras claras, que incluem taxas e comissões definidas. Consequentemente, o seller deve se adaptar e entender que não existe espaço para negociação.
Além disso, surge o risco de perder a principal fonte de renda caso a plataforma encerre atividades, altere regras contratuais ou mude seu modelo de operação. Portanto, contar apenas com o marketplace pode se tornar arriscado a médio e longo prazo.
Identidade corporativa e reputação dentro do marketplace
Outro fator negativo está ligado à identidade corporativa. Embora o lojista consiga aumentar o lucro e a visibilidade ao se associar a grandes marketplaces, nem sempre o consumidor percebe de qual seller comprou o produto. Em muitos casos, os clientes mencionam apenas a plataforma, sem reconhecer a marca responsável.
Se o marketplace atrasar uma entrega ou oferecer um atendimento insatisfatório, o impacto recai sobre a imagem do parceiro. Assim, a reputação da empresa pode sofrer mesmo quando ela não teve culpa direta.
Marketplace e a possibilidade de monopólio
Muitos especialistas questionam se o marketplace no Brasil pode se tornar um monopólio, como acontece em outros países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Amazon já concentra cerca de 51% do e-commerce.
Com a concentração de dados, o marketplace ganha informações estratégicas sobre clientes e produtos. Isso pode levar a uma situação delicada: a própria plataforma passa a produzir e vender mercadorias semelhantes, tornando-se concorrente direta do seller.
O futuro do marketplace no Brasil
A grande verdade é que não existe fórmula perfeita para o marketplace. Ele pode oferecer visibilidade imediata e aumento de vendas, mas quando o lojista não planeja sua entrada, os riscos se multiplicam. Em um mercado cada vez mais competitivo, um clique basta para prejudicar uma estratégia construída ao longo de meses.
Dessa forma, analisar o momento da empresa e avaliar o mercado tornam-se passos fundamentais. Só assim é possível identificar se o marketplace é o próximo passo certo. Além disso, escolher a estrutura de loja virtual mais adequada garante melhores resultados e sustentabilidade no longo prazo.
Veja mais: Como a inovação pode assegurar a energia ininterrupta
