Por Pedro Al Shara*
Frente ao pior índice de chuvas das últimas nove décadas, a crise hídrica atinge novamente o Brasil e desperta inseguranças mais severas. A principal discussão do tema certamente é o fornecimento de energia elétrica, já que a maior parte da matriz energética do país ainda é proveniente do sistema hidrelétrico. Por isso, apesar da ideia de se investir durante uma crise possa parecer arriscado, muitos especialistas têm apontado as fontes de energia renováveis como uma alternativa para reduzir custos fixos e obter vantagens competitivas consistentes.
Dentre as principais modalidades, a energia solar se tornou uma das apostas de destaque. Segundo a Absolar (Associação das Empresas de Energia Solar), esse segmento cresce desde 2012, quando a Aneel iniciou a regulamentação do setor. Somente nos primeiros oito meses de 2021, foram instalados 180 mil sistemas para a geração de distribuição de energia solar, ou seja, 41% maior do que no mesmo período de 2020. Com isso, o Brasil passou a contar com 576 mil instalações para abastecer casas, empresas e fazendas, entre outras unidades consumidoras.
Acompanhando esse crescimento do mercado, a pandemia e a conta de energia alta com o retorno das bandeiras vermelhas em 2020 se tornaram novos elementos nesse cenário. Os consumidores ficaram mais de olho na conta de luz, uma vez que passaram mais tempo dentro de casa, o que aumentou a procura por alternativas mais econômicas. Isso porque, de acordo com a Absolar, um sistema fotovoltaico bem dimensionado pode reduzir os gastos com eletricidade em até 95%.
Outra fonte que também tem recebido atenção são os projetos eólicos, que no Brasil segue em crescimento desde 2005. Para se ter noção do seu potencial, em julho deste ano, a energia eólica abasteceu todo o Nordeste durante 24 horas. O recorde foi registrado pelo ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), que constatou uma geração média diária de 11.399 MW, representando 102% da demanda do Nordeste naquele dia.
As vantagens dessa matriz são bem simples: ela fornece energia barata, limpa e, nas condições brasileiras, em quantidade abundante. O mercado tem essa percepção, tanto do lado dos fornecedores, quanto do lado dos consumidores no mercado livre, que escolhem as fontes, e mesmo as geradoras com projetos em outros segmentos já estão colocando em prática essa mudança.
No final das contas, a flexibilização das fontes renováveis eleva o desempenho energético a um novo patamar, garantindo qualidade, segurança e retorno financeiro. Neste momento de crise hídrica e aumentos constantes na conta de energia elétrica, investir no uso da energia solar e eólica se torna algo ainda mais atraente e indispensável, principalmente quando se analisa o consumo industrial e comercial.
*Pedro Al Shara é CEO da TS Shara, fabricante nacional de nobreaks e estabilizadores de tensão.
Publicação original: Canal Energia