Com esse novo sistema, a rede deixa de ser passiva e passa a interagir com os consumidores, prever demandas, ajustar a oferta e responder rapidamente a falhas
As redes inteligentes tornam o sistema mais sustentável, beneficiando tanto as empresas de energia quanto os consumidores — Foto: Freepik/wirestock/Creative Commons
Pense na rede elétrica convencional como uma estrada de mão única: a energia vai da usina até sua casa, sem interação. Já os smart grids são como as avenidas modernas, onde o trânsito flui em várias direções, com ajustes automáticos nos fluxos, para evitar engarrafamentos. É como se o trânsito fosse monitorado, e os tempos de farol inteligentes fossem ajustados para o melhor caminho – nesse caso, a energia.
É com essa analogia que o engenheiro elétrico, diretor comercial e de marketing da TS Shara, Jamil Mouallem, convida-nos à reflexão para entender melhor sobre o novo conceito.
“As redes elétricas inteligentes são uma evolução do sistema de distribuição de energia tradicional. Elas usam tecnologia avançada para monitorar e controlar a geração, transmissão, e consumo de eletricidade de forma eficiente e em tempo real“, explica.
Como funciona o sistema smart grid?
As redes inteligentes operam com sensores, dispositivos IoT (Internet das Coisas), Smart Meters (medidores inteligentes), e sistemas de inteligência artificial, para monitorar e gerenciar em tempo real o fluxo de eletricidade.
“Os Smart Meters são essenciais nesse processo, pois permitem a medição precisa do consumo de energia e se comunicam diretamente com a rede, facilitando a análise operacional do sistema elétrico. Isso possibilita a detecção rápida de falhas, ajustes automáticos na distribuição e melhor gestão da demanda”, detalha Luciano Carstens, engenheiro elétrico, mestre em sistemas elétricos industriais e gerente do Centro de Competências Future Grid do Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento).
Esses componentes controlam o sistema elétrico, para minimizar as falhas e os “apagões”. “Isso permite que a rede se ajuste automaticamente a mudanças na demanda ou a problemas, como falhas ou sobrecargas. Se houver um aumento repentino de consumo em sua região, a rede pode redirecionar energia de áreas com menor demanda ou usar energia armazenada, evitando quedas de fornecimento, visto que durante uma sobrecarga, é comum a rede se desligar para a sua proteção”, exemplifica Jamil.