Toda a infraestrutura de uma empresa depende da energia elétrica, o que exige um gerenciamento contínuo do seu uso. Em paralelo com a busca por sustentabilidade, a transformação digital também agregou para a criação de novas possibilidades para o gerenciamento desse recurso. Hoje, ações que visam à redução dos danos ambientais têm como objetivo mais do que simplesmente economizar: é preciso fazer uso inteligente e consciente daquilo que temos à disposição. Diante disso, foi desenvolvido um modo de otimizar a produção de energia de forma inteligente utilizando a tecnologia como aliada, a Smart Grid.
O conceito dessa tendência se refere a uma nova arquitetura de distribuição de energia elétrica, capaz de automatizar toda a gestão do uso da eletricidade. Para o funcionamento da rede smart, é necessário mudar os medidores analógicos para medidores digitais. Estes são equipamentos mais seguros e, principalmente, inteligentes, que possibilitam a integração de informações entre outros usuários conectados. Assim, ao implementá-lo, a empresa consegue otimizar o uso para reduzir custos e melhorar o desempenho em todos os aspectos. O que exige equilíbrio entre geradores, operadores e distribuidores do sistema.
Uma das maiores vantagens da Smart Grid é acompanhar o desempenho energético em tempo real. Ao contrário do medidor tradicional, que coleta dados de consumo uma vez ao mês, o medidor digital permite monitoramento constante. Assim, identificamos irregularidades rapidamente e adotamos ações preditivas, preventivas e corretivas para evitar desperdícios e estabelecer metas de melhoria no consumo energético da empresa. Além disso, estabelecemos um modelo de negócio mais sustentável, reduzindo a emissão de gás carbônico e outros resíduos poluentes.
Investimento alto para implementação
Assim como qualquer sistema inteligente de gestão de recursos, a Smart Grid impacta significativamente os custos operacionais. Em 2014, por exemplo, o Brasil já tinha cerca de 200 projetos de Smart Grid, com investimentos aproximados de R$1,6 bilhão em pesquisa e desenvolvimento (P&D), envolvendo 450 instituições, de acordo com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O investimento necessário é grande e exige que o poder público local e federal implemente políticas para a troca de redes convencionais por redes smart. Além disso, enfrentamos desafios tecnológicos, pois as redes inteligentes demandam tecnologia de hardware e software de ponta, que ainda está em desenvolvimento nos principais centros de pesquisa do mundo e é pouco trabalhada no Brasil.
Ao implementar Smart Grid, fazemos mudanças para adaptar o sistema ao novo funcionamento, o que significa investir em tecnologias de ponta como IoT, Inteligência Artificial e computação em nuvem. Para isso, elaboramos um plano estruturado e progressivo, que se estende além das administrações vigentes, a médio e longo prazo. Primeiramente, instalamos sensores e softwares para lidar com as informações. Esses dispositivos na rede identificam flutuações ou picos de consumo em determinados pontos. Em seguida, os dados captados são enviados para o software, que gera relatórios ou toma medidas de acordo com procedimentos preestabelecidos.
A Smart Grid eleva o desempenho energético a um novo patamar
A operação de todo esse sistema é de responsabilidade da TI. Mas, isso não significa só contratar uma equipe inteira para gerenciar a Smart Grid e, sim, adotar uma solução específica que proporcione a convergência entre as diferentes tecnologias utilizadas pela companhia, de forma a centralizar o monitoramento e controle da rede elétrica. O Smart Grid não é um projeto a ser implementado de imediato — ele é uma evolução. Assim, é preciso planejar uma arquitetura que, continuamente, inclua essas novas tecnologias adotadas, sempre levando em conta a importância da integração entre elas.
Outro ponto que abrange esse processo de migração é garantir a segurança do sistema de formal global. Uma infraestrutura de TI consegue descomplicar o gerenciamento de atividades, quando esta é bem aplicada e mantida por uma manutenção periódica. Sistemas de energia desatualizados afetam a operação e aumentam a probabilidade de erros e tempo de inatividade não planejado. Instalar uma rede de nobreaks que forneça acesso e suporte instantâneos a informações operacionais críticas, por exemplo, pode ser uma boa estratégia para começar a administrar essas redes, em que os impactos derivados dessa carência retardam tantos as ações das empresas como as dos consumidores.
A Smart Grid eleva o desempenho energético a um novo patamar, garantindo qualidade, segurança e retorno financeiro. Primeiramente, planejamos o sistema com eficiência para permitir a adaptação, o monitoramento e a administração em tempo real do consumo energético. Consequentemente, evitamos falhas nas múltiplas fontes de energia conectadas ao sistema. Além disso, resolvemos problemas de infraestrutura e damos o primeiro passo para que cidades e empresas trilhem seu caminho pela era digital. Portanto, ao implementar a Smart Grid, promovemos uma evolução significativa na gestão energética, integrando as redes de energia de forma mais inteligente e eficiente.
*Pedro Al Shara é CEO da TS Shara.